Todos os dias somos inundados com matérias e mais matérias a respeito das “novas” descobertas da ciência, boa parte delas refere-se à alimentação e novas terapias para velhas doenças. Assim, mesmo sem nos darmos conta, absorvemos esse conteúdo e sem nada de concreto ou comprovado, como se já fossemos donos de mais uma verdade, de repente estamos comendo mais tomate, bebendo mais suco de alguma fruta exótica, ingerindo menos carboidratos, mesmo sem sabermos pra que eles realmente servem, usando o mais novo adoçante do mercado, etc. Por aí vamos em busca da saúde perfeita. O que ninguém se pergunta é: como devo ler as dicas de saúde? Isso serve pra minha realidade? O quanto dessa informação serve pra mim? O que ela me traz de possibilidades? Será que eu preciso mesmo comer mais ou menos alguma coisa? O que é uma vida saudável?
A princípio o senso comum nos diria que uma vida saudável seria aquela em que temos um nível mínimo de tensões, uma alimentação equilibrada e adequada ao nosso biotipo, atividades físicas adequadamente dimensionadas, repouso regular e suficiente para o corpo e para a mente, atividades intelectuais produtivas, o que nos levaria a finalmente experimentar um estado de equilíbrio entre o nosso organismo e o ambiente em que vivemos. Porém ao que tudo indica a maior parte de nós em qualquer lugar do planeta sofre com uma vida com alto nível de tensão, tanto físico quanto psíquico, dificuldade de obter uma alimentação equilibrada e adequada, atividades físicas, inadequadas ou insuficientes e ausência de oportunidades para desenvolvimento intelectual. Todos nós enfrentamos em algum momento um desequilíbrio e uma fuga do padrão ideal e sabemos o quanto isso nos torna vulneráveis, nos levando muitas vezes a uma certa angústia, quase que inevitável se somarmos nossas incertezas às incontáveis informações com que somos bombardeados, na maior parte das vezes, sem outras informações importantíssimas que nos permitam um aproveitamento ou descarte do que estamos recebendo.
Então se tudo é tão confuso o que fazer? A princípio não há nada de ideal em nossas vidas, exceto o fato de que, cada vez mais, temos uma coisa maravilhosa chamada: acesso a informação! E precisamos nos tornar cada vez mais capazes de interpretar, questionar e só então descartar ou utilizar as informações que estão sendo oferecidas. Se não comemos tudo o que nos oferecem porque temos nossos gostos pessoais, entendemos que aquilo não é bom ou simplesmente não estamos com vontade, por que devemos aceitar toda informação disponível simplesmente porque lá está? Hoje precisamos, muito mais do que em qualquer outra época, do melhor do nosso senso crítico para aprendermos incessantemente a respeito de nossa própria saúde e para isso, podemos e devemos contar com o auxilio dos profissionais da área de saúde. Especialmente aqueles que nos acompanham e muitas vezes já conhecem as particularidades do nosso organismo. Boa parte das pessoas hoje em dia, alega que o profissional médico não “fala muito”, outros ainda que esse profissional “explicou, mas eu não entendi” e há aqueles que colocam assustados “só disse isso! Aí eu não perguntei mais nada”. Há de fato uma infinidade de ruídos e bloqueios na comunicação, mas da mesma forma que buscamos nos entender com os familiares e amigos, precisamos ser honestos, colocando nossas dúvidas e medos. Precisamos sobretudo ser insistentes quando não compreendemos algo. Se a questão é a nossa saúde, não há limite de perguntas para chegar a compreensão. Isso pode ser cansativo, mas ainda é o melhor caminho que temos.